CASA D’ARTE

Anjo candelário
Laprade, Claude Joseph Courrat de (1687-1740?)
Talha dourada
França ou Portugal
Séc. XVIII


Dim.: 135 x 70 x 30 cm
Anjo candelário em madeira de castanho, dourada a ouro fino, segurando no seu braço
direito um “corno de abundância” onde deverá ser colocada uma vela. A sua mão
esquerda segura um escudo. A possibilidade de ter sido feita em Portugal deve-se ao
facto de o escultor ter vivido vários anos no nosso país.
Laprade ou Laprada (Claude Joseph Courrat de) - Escultor francês do século XVIII (1687-1740?), que esteve em
Portugal em meados da centúria. [...] É tido como o mais notável escultor estrangeiro que trabalhou em Coimbra
depois da Renascença. Fez, na capela da Quinta da Vista Alegre, na região de Aveiro, o magnificente túmulo de
D. Manuel de Moura Manuel, Bispo de Miranda e reitor da Universidade de Coimbra, falecido em 1699, obra que
reflecte o seiscentismo italiano na animação das figuras e na complicação artificiosa dos panejamentos. Na
Universidade de Coimbra, na Via Latina, deve-se-lhe um vistoso frontão armoriado e sustentado por dois atlantes,
com um grande retábulo alegórico em honra de D. Pedro II [...]. Fez também um remate ornado com livros para
uma sobreporta de acesso à Torre da Universidade [...]. Executou para as Salas Gerais e dos Capelos da Universidade
belas estátuas de tamanho natural, de calcário resistente de Portunhos [...] que se encontram hoje no Museu
Machado de Castro. No dizer de A. de Magalhães Basto, são dele ou dum homónimo as grandes e formosas
estátuas [...] do retábulo da capela-mor da Sé do Porto [...]. O artista, nascido nas cercanias de Avinhão, pôde
admirar, desde muito novo, na Cidade dos Papas, as magníficas obras escultóricas dos irmãos Péru, bem como,
na vizinha Carpentras, os trabalhos notáveis devidos ao escopro de Bernus. Mais tarde, em Toulon, teve o privilégio
de embeber os olhos nas obras do italianizante Puget, nomeadamente as da Câmara Municipal (1675), e nas
prodigiosas decorações navais (1667). Puget exerceu então sobre Laprade influência decisiva. [...] Além das obras
da sua autoria já sobejamente conhecidas [...] Aires de Carvalho atribui-lhe quinhão considerável na ornamentação
da Biblioteca de Coimbra, por vezes de gosto afrancesado, longe da austeridade de Ludovici, seu arquitecto, e
encabeça sem hesitação no grande escultor provençal a vasta e monumental moldura de talha doirada do retrato
de D. João V por Duprà - moldura essa de rara imponência arquitectónica, trabalhada à maneira dos seus retábulos.
Bibliografia: Cirilo Volkmar Machado:“Colecção de memórias”; Virgílio Correia: “Artista italianos em Portugal” in
Biblos, vol. VIII; Virgílio Correia e Nogueira Gonçalves: “Inventário artístico de Portugal”; “Guia de Portugal”; Diogo
de Macedo “A escultura portuguesa nos séculos XVII e XVIII; A. de Magalhães Basto: “Falam velhos manuscritos”
in “O primeiro de Janeiro” 17-5-1950; Aires de Carvalho: Desvenda-se o caso do misterioso artista Claude de
Laprade” in “Diário de Lisboa” 7-4-1957 e “D. João V e a arte do seu tempo”, 1962; Robert Smith, da Universidade
de Pensilvânia (EUA): artigo sobre Laprade in “Gazette des Beaux-Arts”, Paris, 1954.

A Casa D'Arte está presente na IX Bienal de Antiguidades da APA - Associação de Antiquários de Portugal, na Cordoaria Nacional em Lisboa de 8 a 17 de Abril